Nota de pesar – Prof.ª. Virgínia Maria Almoêdo de Assis

Nota de Pesar

Os cursos de História da Universidade de Pernambuco, dos Multicampi de Garanhuns, Mata Norte e Petrolina, expressam seu mais profundo pesar pelo falecimento da Prof.ª. Virgínia Maria Almoêdo de Assis, do departamento de História da UFPE, em virtude do COVID-19. 

A professora pós-doutora foi uma das precursoras dos estudos sobre América Portuguesa em Pernambuco, tendo participado do projeto Resgate Barão do Rio Branco, fundamental para disponibilizar documentação do Conselho Ultramarino sobre a Capitania de Pernambuco. Exímia paleógrafa, lecionou essa disciplina desde 1992, quando ingressou como docente na Universidade Federal de Pernambuco. Além de grande educadora, extremamente didática e paciente, Virgínia era pesquisadora de mão cheia, referência para conhecermos os meandros da governança da Capitania. Sua tese “Palavra de Rei: autonomia e Subordinação da Capitania Hereditária de Pernambuco” é uma consulta obrigatória na área.  Ela formou alunos que hoje são professores e pesquisadores que atuam em escolas  e universidades. Eles seguem demonstrando gratidão pelas aulas, pesquisas, produções, orientações e atitudes de Virgínia. Apesar da perda, permanece o enorme agradecimento às significativas contribuições da Prof.ª. Virgínia, como educadora, cientista, e acima de tudo como pessoa. Desejamos força para a família e para os amigos.

Sobre a professora Virgínia, por Janaína Guimarães, Prof.ª. Adj. no curso de História da UPE, Campus Mata Norte.

Minha trajetória com Virgínia começa na graduação, fui sua aluna em Paleografia I e Paleografia II. Ela sempre foi encantadora, paciente e capaz de decifrar o indecifrável. Apesar de trabalhar com os séculos XVI e XVII no Instituto Histórico Judaico, eu vivia dizendo que queria trabalhar com o século XIX, até que me rendi, e disse ao Prof. Dr. Marcus Carvalho de minha inquietação. Ele não teve dúvida, me pegou pela mão e me levou na sala de Virgínia, ela me olhou e sorriu. Aquele sorriso me acompanhou por todo mestrado e doutorado, porque até quando ela estava me dando bronca, sorria. Ela é a junção de competência e doçura, numa academia, que por vezes, é tão hostil. Virgínia me ensinou a respeitar os processos de aprendizagem, a não duvidar de meus alunos, porque ela sempre teve fé em nós, suas crias. Eu defendi minha tese em 2012,  e a última lembrança dela foi meses antes da pandemia, quando fomos ao belíssimo show de Bethânia. Quem foi de Virgínia, sempre será, o carinho não se perde, encontra mil outros caminhos. Brincávamos que éramos as crias de Virgínia, nos reconhecíamos enquanto seus filhos nos eventos, bancas e mesas de bar. Eu lembrarei dela sempre sorrindo e tenho a certeza que será recebida pelo seu encantador e saudoso Ivaldo.

 

Sobre a professora Virgínia, por Reinaldo F. Carvalho, Prof. Adj. da UPE no curso de História, Campus Petrolina

Conheci a professora Virgínia Almoêdo de Assis em 2009 por ocasião de uma visita à UFPE. Falamos sobre pesquisas  e a possibilidade de ela ser minha orientadora para o doutorado. No entanto, ela lidava com uma demanda muito grande de orientandos. Ainda assim, disse que poderia me auxiliar na organização do projeto de tese e ao longo do doutorado informalmente. Suas sugestões e observações ao longo do processo, juntamente com a orientação da professora Tânya Brandão, foram de grande valia para a organização da tese. Virgínia era uma pessoa solícita, nunca dizia não a ninguém, era prestativa, preocupada com quem lhe procurava pedindo ajuda. Sempre esperava a todos com um sorriso grandioso, suas palavras sempre nos confortaram. Sua luz irradiava amor, simplicidade, humildade e carinho. Seu legado ficou marcado na nossa vida, como alguém singular. Virgínia era mais do que uma professora, sua áurea brilhava como o sol da manhã. Fica a lembrança.

 

Sobre a professora Virgínia, por Bruno Augusto Dornelas Câmara, Prof. Adj. da UPE no curso de História, Campus Garanhuns

É uma tristeza e um desalento perder uma colega de profissão nessas circunstâncias, vitimada pela COVID-19 e pela estupidez e descaso pela vida humana promovida pelo governo do então Presidente da República Jair Bolsonaro e de seus fervorosos apoiadores. Sim, a professora Virgínia Almoêdo de Assis nos deixou nessas circunstâncias. Conheci Virgínia ainda quando fazia graduação na UFPE. Ela foi minha professora nas disciplinas de Paleografia I e II (minha só não, mas de uma geração de historiadores pernambucanos). Era uma expert no assunto, destrinchando com capricho e zelo todos aqueles manuscritos do período colonial. Conhecia como ninguém as abreviações e as particularidades de cada documento do Conselho Ultramarino. Na vida pessoal e no campo profissional tratava todos os alunos de forma extremamente amável, sempre sorrindo. Não tinha quem não nutrisse pela professora um carinho imenso. Conduzia as suas aulas de forma leve, brilhante. Profissional dedicada, Virgínia era uma defensora da universidade pública, do curso de história e da profissão de historiador. Ela era admirável, admirada e respeitada por todos. Mesmo quando acabei meu doutoramento na UFPE, nunca deixamos de nos encontrar. Nesses breves encontros, sempre simpática e de uma educação exemplar, ela dedicava alguns minutos de seu precioso tempo para saber como andavam as coisas na minha vida, se estava tudo bem com a família, etc. Por fim, mandava sempre lembranças aos colegas de Garanhuns, meus pares de UPE, e não esquecia de mandar um abraço sempre especial para a professora Maria Giseuda, colega de ofício, amiga e conhecida de longa data. É extremamente doloroso tudo que aconteceu. A professora Virgínia se foi, mas deixou sua marca em muitos corações, tendo sido fundamental na trajetória de tanta gente que cruzou pelo seu caminho. Que o Universo te reserve um lugar de paz e tranquilidade. Toda a solidariedade a seus filhos e sua família.