GRUPEI em evento na UFSC

O Grupo de Pesquisa A Cultura da Infância nas Políticas e Práticas Pedagógicas na Educação infantil, das professoras Marlene Buregio e Tarcia Regina, foi selecionado para participar e apresentar dois trabalhos no 5º Seminário de Grupos de Pesquisa sobre Crianças e Infâncias  a ocorrer de 6 a 9 de dezembro de 2016, na Universidade Federal de Santa Catarina. O grupo irá se apresentar na sessão temática: INFÂNCIA, CULTURA, DIVERSIDADE E INCLUSÃO

1º Trabalho/proposta

O brincar e a ludicidade: saberes da profissionalidade docente da educação infantil na formação continuada na escola

Resumo:

A pesquisa trata do brincar e da ludicidade como saberes da profissionalidade docente na educação infantil, em um estudo desenvolvido no município de Jaboatão dos Guararapes. Como objetivo geral, buscamos compreender de que maneira professoras de educação infantil de Jaboatão dos Guararapes se apropriam do brincar e da ludicidade como saberes de sua profissionalidade docente, a partir da formação continuada na escola. Apoiamo-nos em estudos de Hoyle (1980), Contreras (2002), Tardif (2011), que tratam da profissionalidade docente, formação e saberes, e, em âmbito mais específico, em estudiosos da educação infantil que tratam da formação de professores/as e do brincar, tais como Oliveira-Formosinho (2002, 2005), Fortuna (2012),Carvalho, Pedrosa e Rosseti-Ferreira dentre outros/as que em suas diferenças e aproximações contribuíram no aprofundamento de pressupostos teóricos que dizem respeito a essas áreas de conhecimento.

O percurso metodológico tem base na pesquisa qualitativa, na abordagem histórico-dialética, em uma pesquisa de campo, em quatro instituições do referido município, envolvendo oito professoras. Utilizamos como instrumentos: observação participante, análise documental e entrevistas semiestruturada, os quais foram tratados pela Análise de Conteúdo Categorial do tipo temática (BARDIN, 1977).

Como resultados, emergiram as seguintes categorias: a escola como lugar do brincar e da ludicidade; as contribuições da formação continuada na apropriação do brincar e da ludicidade e as formas de emergência do brincar e da ludicidade. Constatou-se que a escola tem se tornado um espaço mais lúdico no sentido de abertura ao brincar, porém, em concepções híbridas em que emergem concepções mais ingênuas e mais próximas de ideias utilitaristas e ainda percebemos posicionamentos mais críticos no sentido da escuta da criança no brincar.

A análise mostra que a ideia da homologia de processo formativo, não contribuiu para a formação professor reflexivo, não suscitava confrontos provocadores de desequilibrações necessárias às reconstruções de saberes no âmbito teórico, epistemológico, ontológico e político requeridas como condição de uma profissionalidade docente crítica que é instituinte, por estar sempre se refazendo e que têm na apropriação de saberes – dentre estes o brincar e a ludicidade – elementos fundamentais em sua atuação junto às crianças em uma perspectiva crítica transformadora. No tocante às formas do brincar, emergiram limites através de práticas mais cerceadoras, no sentido do controle do brincar, especialmente a brincadeira de faz de conta, dentre outras. No trabalho envolvendo linguagens expressivas, emergiram limitações no âmbito do conhecimento específico relativo a elementos lúdicos constitutivos, em sua aleatoriedade, imprevisibilidade, imponderabilidade.
Ressaltamos que a formação continuada pode contribuir no desenvolvimento profissional, na medida em que possibilite às professoras a apropriação de saberes acerca do brincar e da ludicidade que envolvam o desenvolvimento de uma competência técnica também no âmbito de uma razão sensível.

2º Trabalho/proposta

Educação em e para os direitos humanos: a escola e o direito a afirmação da diferença desde a educação infantil

Resumo:

Os Direitos Humanos que inicialmente foram influenciados pelo Iluminismo e pela questão da igualdade, se assumindo dentro de um discurso universal, chegam à contemporaneidade em uma nova configuração que sugere revisitar a cultura escolar à luz de questões advindas do debate acerca da diversidade e da diferença.
Nesse cenário, surgem a emergência da descolonização dos nossos olhares, saberes e fazeres e o fortalecimento da Educação em/para os Direitos Humanos desde a Educação Infantil. Consequentemente, as creches e pré-escolas precisam constituir-se como territórios qualificados onde são incorporadas práticas interculturais que possibilitam à criança a experiência de conviver e celebrar as diferenças, bem como os desejos e valores de uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária.

Neste sentido, as instituições de educação infantil necessitam assegurar uma prática intencional e planejada para a socialização das crianças, reconhecendo a Educação Infantil como instrumento de transformação social, pois ela pode contribuir na formação crítica da infância no sentido de valorar positivamente a diferença. Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo analisar como a questão da diferença tem sido tratada nas escolas da Educação Infantil da microrregião de Garanhuns. Para tal, recorremos aos pressupostos da pesquisa qualitativa de cunho etnográfico para observar as práticas pedagógicas de oito escolas municipais de Educação Infantil em oito municípios da microrregião de Garanhuns, buscando apreender questões da diversidade religiosa, de gênero, étnico-racial e da educação inclusiva.

Os dados evidenciam que as escolas desconsideram a questão da diversidade religiosa, impondo as práticas da religião católica a todas as crianças. Quanto às questões de gênero, os meninos são incentivados as brincadeiras mais agitadas e reconhecidas como próprias a estes enquanto às meninas, as mais calmas. Há diferenciação entre o tratamento destinado às crianças brancas e negras por parte das professoras.
No que tange à educação inclusiva, nota-se um esforço apenas em assegurar a acessibilidade, porém não foram visibilizadas práticas pedagógicas inclusivas. Essas formas de perceber, conceber e conviver com o outro, evidenciam que é preciso e urgente assumir a diferença como um elemento constituinte do processo educativo, tendo em vista que esses são construtos das relações socioculturais. Todavia, não se trata de pensar a alteridade como amor ao próximo, tampouco a partir dos ideais universais, nem sob a premissa da tolerância com a diversidade cultural, mas de pensarmos além da lógica “nós X outros”, reconhecendo a nós mesmos como produto e produtores da diferença, ou seja, reconhecendo-nos na outridade do outro. Por fim, destacamos que o reconhecimento do direito à diferença, especialmente na Educação Infantil é o direito à singularidade das crianças, uma vez que a escola pode configurar-se como espaço de convívio e enriquecimento com as crianças e entre estas.