“Qual o valor de uma vida? Essa pergunta é feita no início do filme “Antes de Partir” (Estados Unidos, 2007). Nele, Jack Nicholson e Morgan Freeman representam dois homens em estágio avançado de câncer. Eles fazem várias aventuras juntos, a partir de uma lista elaborada, antes de “partirem”. Nesse filme é dito que o valor de uma vida é determinado pelo que os outros dirão a respeito dela. A vida de Isabel Cristina, com certeza, valeu muito porque falaremos, sempre, bem dessa professora, vereadora, militante, vice-prefeita e deputada estadual. Uma guerreira que acreditava em utopias e fazia delas o sal da terra, o alimento da alma, o princípio e o fim de suas lutas.
A utopia passou a fazer parte dos debates políticos a partir do livro homônimo de Thomas More, escrito em 1516. Essa obra descreve uma sociedade que, apesar dos conflitos, era ideal/perfeita nos aspectos políticos e sociais. Na contemporaneidade, percebemos a luta da sociedade líquida de Bauman pela desconstrução das ideologias e das utopias. É como se fosse retrocesso (para alguns até crime) acreditar em utopias hoje em dia. Isabel Cristina enfrentou essa luta e sempre fez do pensamento utópico a inspiração cotidiana para conseguir melhorar a vida de centenas de pessoas.
Algumas pessoas acreditam nas “utopias sazonais”. Para elas, a utopia é um ser que mora nas montanhas e aparece apenas em épocas festivas. No natal, por exemplo, desce e vem sentar-se conosco à nossa mesa, come do nosso pão e bebe do nosso vinho. Contaminados com a sua presença, desejamos paz na terra, saúde aos amigos, felicidade aos irmãos. Quando ela vai embora e esse período passa, voltamos à mesquinharia de antes. Isabel Cristina não acreditava nesse tipo de idealização deslumbrada e embasbacada da vida porque a verdadeira utopia, aquela capaz de transformar vidas de fato, fazia parte do seu cotidiano. Ela dormia, acordava, almoçava e jantava utopia.
O valor de uma vida, então, depende do uso que fazemos dela para ajudar os outros. Assim, a vida de Isabel Cristina foi de muito valor. As ações dela, o gesto humano, a solidariedade e o companheirismo eternizarão Cristina na história de Petrolina e no nosso coração. Gente assim não morre.
Cristina, foi uma honra termos convivido com você.
Homenagem dos professores, funcionários e alunos da UPE Campus Petrolina.