Publicado em 19/04/2023
Hoje, 19 de abril, é o Dia dos Povos Indígenas. A data é um convite para conhecer a diversidade da cultura indígena, questionar e combater estereótipos, entender a luta desses povos pela demarcação de terras e as violências que essa população sofre em todo o país. Para entender melhor sobre o assunto, a Docente do curso de História do Campus Garanhuns da UPE e Presidenta da ANPUH – Pernambuco, Karina Moreira Ribeiro da Silva e Melo, trouxe um pouco do seu olhar. Confira abaixo:
“Valorizar as raízes, troncos, galhos, folhas, flores e frutos indígenas é importante para dar sentido à história do Brasil, país que toma seu nome de uma árvore. Os conhecimentos, o trabalho, as culturas e as políticas indígenas estão presentes e atuantes em diferentes tempos e espaços do nosso país, desde os projetos colonizadores, passando pela formação do Estado nacional brasileiro, até a formação da república e as posteriores e recentes ameaças à nossa jovem democracia. Para além da imagem de povos primitivos, aprisionados a um passado remoto, as atuações indígenas garantiram a sobrevivência de inúmeros povos. É verdade que muitos deles sofreram e sofrem com epidemias, guerras – uma guerra que dura até hoje, como disse Ailton Krenak – e as agruras da escravidão e do trabalho forçado. Após quatro anos catastróficos de políticas de estado genocidas para com as populações indígenas, atualmente vivemos tempos de esperança. Após estupros, assassinatos, perseguições políticas às lideranças indígenas, invasões territoriais, garimpo ilegal, tragédias sanitárias e o regresso ao mapa da fome, vemos a força do movimento indígena brasileiro. O acampamento Terra Livre e a Marcha das Mulheres Indígenas nos dão mostras da grande capacidade de articulação desses povos, mesmo diante de políticas nefastas de desrespeito aos direitos indígenas garantidos pela constituição de 1988, sobretudo entre 2016 e 2022. O movimento indígena brasileiro tem mesmo um enorme caráter educativo, como escreveu Daniel Munduruku, especialmente para os não indígenas. Os cerca de 260 povos indígenas, falantes de mais de 150 línguas nativas atuam na luta pela floresta em pé, pela garantia de água limpa para todos. De acordo com a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, o protagonismo indígena é importante na proteção dos territórios e na preservação ambiental e fazem parte do debate sobre bioeconomia e novos modelos de desenvolvimento sustentável. Viva o futuro dos povos indígenas no Brasil!”