Publicado em 31/10/24
Nesta quinta-feira (31), o Conselho Universitário da Universidade de Pernambuco (COSUN-UPE) aprovou, por unanimidade, resoluções que aprovam a diplomação e homenagens aos docentes, estudantes e servidores perseguidos durante a Ditadura Civil-militar no Brasil (1964-1985). Após um amplo levantamento documental, entrevistas e chamada pública, com a colaboração dos movimentos sociais e órgãos públicos, a instituição chegou ao nome de 12 membros que foram atingidos por legislações ditatoriais, a exemplos do Ato Institucional n.º 05 (AI-05), de 13 de dezembro de 1968, ou o Decreto-Lei n.º 477, de 26 de fevereiro de 1969. Esse levantamento surgiu através do projeto que foi desenvolvido para a escrita do livro sobre história da Universidade de Pernambuco. Na pesquisa foi identificado a participação de vários estudantes e servidores no movimento de resistência à ditadura e por isso a Universidade decidiu ampliar a pesquisa para identificar essas pessoas.
A pesquisa foi realizada pelo Prof. Carlos André Moura, docente do curso de História da UPE - Campus Mata Norte, com apoio dos movimentos sociais, a exemplo do Tortura Nunca Mais de Pernambuco. Para a identificação dos nomes, realizou-se pesquisas no Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e no espólio da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara. Do mesmo modo, a partir de uma chamada pública, o responsável pela investigação conseguiu identificar estudantes e servidores perseguidos em diferentes unidades da instituição que não estavam registrados em documentos da Comissão da Verdade.
“Essa é uma ação muito importante para a nossa universidade. Com a concessão dos diplomas, buscamos fazer uma reparação histórica aos estudantes e servidores que lutaram pela democracia. Se hoje estamos debatendo em um Conselho Universitário democrático, muito devemos aqueles que tombaram em um dos períodos históricos mais difíceis no Brasil republicano”, destacou o Prof. Carlos André Moura.
A apresentação foi acompanhada por representantes de movimentos sociais, a exemplo de Amparo Araújo, coordenadora do Tortura Nunca Mais em Pernambuco. “Hoje damos um passo muito importante na reparação histórica relativa à ditadura. Somos netos, filhos, esposas, esposos e avós que buscamos o direito de enterrar os nossos mortos. É muito bom saber que a Universidade de Pernambuco está ao nosso lado, reforçando a democracia em nosso país”, enfatizou Amparo Araújo.
Entre as diplomações estão: Rosane Alves Rodrigues, que receberá Diploma de Bacharel em Medicina In Memoriam. Estudante da Faculdade de Ciências Médicas da UPE, durante a ditadura foi militante do movimento estudantil, precisou entrar na clandestinidade e se exilar no Chile e na Dinamarca. Devido à luta pela democracia, não conseguiu concluir o curso de Medicina. Também serão concedidos o Diploma da Resistência aos servidores e estudantes: Enildo Galvão Carneiro Pessoa (In memoriam), docente da POLI; Francisco de Sales Gadelha de Oliveira (In memoriam), estudante da FCM; Ilmar Pontual Peres (In memoriam), estudante da FCAP; Javan Seixas de Paiva (In memoriam), docente da FOP; José Almino Arraes de Alencar Pinheiro, estudante da POLI; José Luiz de Oliveira (In memoriam), estudante FCM; José Romualdo Filho, estudante da FCM; Maria Zélia de Sousa Levy, estudante da FOP; Paulo Santos Carneiro, estudante da FCM; Rildege de Acioli Cavalcanti (In memoriam), estudante da FOP; e Severino Vitorino de Lima, servidor técnico-administrativo da FOP.
“A UPE é uma instituição comprometida com a democracia e a liberdade. Agradecemos aos estudantes e servidores que se empenharam nos movimentos sociais para garantir que hoje possamos viver em um país livre”, pontuou a Prof. Socorro Cavalcanti, Reitora da UPE.
Os diplomas serão entregues no dia 25 de novembro, a partir das 9h, em solenidade realizada no Auditório Clélio Lemos da Faculdade de Administração e Direito da UPE. Na ocasião, também será descerrada uma placa com o nome de todos os homenageados, que será fixada na Reitoria da UPE.