Professor da UPE e presidente da Academia Pernambucana de Medicina, Hildo Azevedo referenda documento sobre a importância das vacinas
O professor da Universidade de Pernambuco (UPE) e presidente da Academia Pernambucana de Medicina, Dr. Hildo Azevedo,referendou um documento escrito pelos acadêmicos e professores Gisélia Pontes Alves, João Regis, Paulo Mendonça, João Guilherme Alves e Eduardo Jorge Fonseca sobre a importância das vacinas para uma sociedade.
Confira o texto:
VACINAS: UM BEM PÚBLICO
Desde que Edward Jenner, no final do século XVIII, demonstrou que a vacinação poderia diminuir as mortes causadas pela varíola, a sociedade humana investe na melhoria ou criação de novas vacinas. A história demonstrou claramente os efeitos benéficos das vacinas, tanto no combate à mortalidade pelas doenças infectocontagiosas - até o século XX a principal causa de morte no mundo - como na melhoria da qualidade de vida das pessoas. A vacinação foi a medida isolada que teve o maior impacto na redução da mortalidade na infância.
As vacinas, hoje, se apresentam eficazes e seguras, além de serem de fácil implementação e terem um custo que vem sendo reduzido paulatinamente. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI), criado em 1973 pelo Ministério da Saúde (MS), tem como objetivo coordenar as ações de vacinações em todo o território nacional de forma inclusiva com o objetivo de erradicar ou controlar diversas doenças imunopreveníveis, e representa um avanço de extrema importância para a saúde pública. O PNI é reconhecido nacional e internacionalmente como uma iniciativa exitosa e adquiriu respeitabilidade e credibilidade junto à população e ao meio científico.
Entretanto, dúvidas sobre a necessidade de vacinação ou mesmo das vacinas e, principalmente, da possibilidade de desencadeamento de efeitos adversos vêm sendo propagadas por grupos minoritários que criaram um “movimento antivacina”. Esse movimento, baseado em falsas premissas, vem prestando um desserviço à saúde das populações. Doenças praticamente controladas por imunizantes, como sarampo e pólio, por exemplo, voltam a causar surtos epidêmicos em várias regiões do mundo.
A situação é tão grave que recentemente a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou o “movimento antivacina” como uma das principais ameaças à saúde pública mundial. A pandemia COVID-19 impactou negativamente na rotina de vacinação agravando o problema, pois houve uma acentuada redução da cobertura vacinal. Em torno de 80 milhões de criança menores de um ano estão em risco de doenças como difteria, coqueluche, tétano, sarampo, pólio. Essa ruptura de campanhas de vacinações em países ricos e pobres põe em risco milhões de crianças.