Patrono da Educação Brasileira, Paulo Reglus Neves Freire passará a ter o título, in memoriam, de Doutor Honoris Causa da Universidade de Pernambuco (UPE). A distinção foi aprovada por unanimidade na reunião do Conselho Universitário (CONSUN), realizada de forma virtual na manhã desta sexta-feira (28).
Paulo Freire será o 11º Doutor Honoris Causa da instituição e a entrega do título oficial a familiares do catedrático falecido no dia 2 de maio de 1997 integrará as comemorações dos 30 anos da UPE.
O ano de 2021 é também o do centenário de nascimento do criador da "Pedagogia do Oprimido” e brasileiro mais citado em produções científicas internacionais na área das ciências humanas.
Até o dia 19 de setembro (data de nascimento de Paulo Freire), a UPE vai difundir estudos em torno do pernambucano que dedicou a vida à educação.
A Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) vai promover a produção de releituras do pensamento de Paulo Freire nos formatos de vídeos, podcasts, ilustrações (HQ, cordel), cursos, oficinas e eventos. Sobre o título de Honoris Causa, a PROEC divulgou a seguinte mensagem:
“Paulo Freire fez da leitura do mundo a lousa e dos tijolos o giz com que mulheres e homens passaram a escrever suas próprias histórias. Criou uma nova pedagogia, baseada na consciência crítica e na autonomia, uma epistemologia viva, humana e afetiva. É um patrimônio do Brasil, da América Latina e do mundo. Reconhecido no Brasil, foi anistiado apenas em 2009 e declarado patrono da educação brasileira em 2012. A Pró-reitoria de Cultura e Extensão (PROEC) da UPE parabeniza a UPE pela iniciativa”.
QUEM FOI PAULO FREIRE
Em 19 de setembro de 1921, na Estrada do Encanamento, 724, Casa Amarela, no Recife, nasceu Paulo Reglus Neves Freire, educador e filósofo, reconhecido o Patrono da Educação Brasileira pela Lei 12.612, de 13 de abril de 2012 e, em 2021, completaria 100 anos.
Filho do capitão da Polícia Militar Joaquim Temistoles Freire e de Edeltrudes Neves Freire, ele foi alfabetizado no quintal de casa, embaixo da mangueira. Em 1943, ingressou no Curso de Direito do Recife.
No início dos anos 1960, desenvolveu um método de alfabetização de adultos, conhecido como Método Paulo Freire. Esse sistema seria implantado em todo o país, no Plano Nacional de Alfabetização, por meio de 20 mil Ciclos de Cultura, no governo de João Goulart. Porém, com o Golpe Militar, foi preso e exilado, o que inviabilizou a execução desse plano.
Inicialmente, exilou-se, por um breve período, na Bolívia. Depois, fixou-se no Chile, por cinco anos, onde trabalhou no Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã.
Em 1969, foi para a Universidade de Harvard como professor visitante. Depois, veio a publicação da "Pedagogia do Oprimido", seu livro mais famoso, traduzido em mais de 20 idiomas e a terceira obra mais citada no mundo.
Paulo Freire é o brasileiro que mais recebeu títulos de Doutor Honoris Causa no mundo. Na volta do exílio, foi professor na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e, em 1989, foi nomeado secretário municipal de Educação, na gestão da prefeita Luiza Erundina. Em 1986, recebeu o Prêmio de Educação para a Paz da Unesco.
Paulo Freire faleceu em 2 de maio de 1997, em São Paulo.
